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Para que serve o mapeamento de conexões empresariais?

Written by Alexandre Pegoraro | 03/04/25 12:00

O mapeamento de conexões empresariais tem ganhado destaque como uma ferramenta essencial para compreender os vínculos estratégicos entre empresas e o ambiente político-institucional no qual estão inseridas. Há estudos recentes reforçando essa importância de analisar as doações eleitorais feitas por empresas brasileiras de capital aberto em quatro ciclos eleitorais — 2002, 2006, 2010 e 2014 — e explorar como esses aportes se relacionam com benefícios potenciais e exposição a riscos.

Um estudo realizado pela USP revelou que 42% das empresas listadas na amostra realizaram pelo menos uma doação a candidatos, concentrando essas transferências principalmente em regiões politicamente estratégicas, como o Sudeste e o Nordeste. Um dado que chama atenção é que as empresas doadoras, em geral, apresentam níveis mais altos de governança corporativa. Além disso, elas demonstraram um crescimento mais acentuado em ativos, endividamento, investimentos e estrutura física durante o ciclo eleitoral subsequente, quando comparadas às empresas que não fizeram doações.

Logo, a correlação entre doações e expansão sugere que manter conexões políticas pode ser parte de uma estratégia corporativa para ganhar acesso a oportunidades, acelerar projetos ou se posicionar melhor diante do Estado. Contudo, o estudo também mostra que essas relações não são neutras em termos de risco.

Por exemplo, as empresas que doaram a partidos da base governista viram uma redução do risco sistêmico, enquanto aquelas que apoiaram a oposição enfrentaram um aumento do risco total. Isso evidencia como os vínculos políticos podem influenciar a percepção do mercado e o ambiente regulatório em que a empresa atua.

Apesar de tudo isso, o estudo não encontrou impactos relevantes no desempenho financeiro dessas empresas em relação àquelas que não participaram do processo de doações. Ou seja, os ganhos observados parecem estar mais ligados à expansão e exposição do que à rentabilidade direta.

Nesse contexto, o mapeamento de conexões empresariais permite que empresas e investidores compreendam melhor os riscos e as oportunidades embutidos em relações político-empresariais, avaliando com mais clareza o ambiente no qual cada organização opera. Mais do que uma análise pontual, trata-se de um olhar estratégico sobre como o poder circula e influencia decisões, investimentos e caminhos corporativos no Brasil.

Afinal, para que serve o mapeamento de conexões empresariais?

O mapeamento de conexões empresariais serve para identificar, visualizar e entender as relações formais e informais entre empresas, sócios, administradores e outras entidades. Essa prática é muito usada para:

Analisar riscos: ajuda a detectar conflitos de interesse, relações suspeitas ou vínculos com pessoas envolvidas em fraudes ou ilegalidades;


Tomar decisões estratégicas: permite avaliar se um novo parceiro, fornecedor ou cliente tem vínculos com concorrentes, empresas em crise ou grupos econômicos com histórico problemático;


Reforçar a governança e compliance: auxilia no controle interno e no cumprimento de normas anticorrupção, especialmente em empresas que atuam com o setor público;


Aprofundar e otimizar os processos de Due Diligence: é uma etapa importante em processos de fusões, aquisições, parcerias ou investimentos.

Na prática, o mapeamento de conexões empresariais melhora a transparência e fortalece a reputação da empresa.

Qual a relação do mapeamento de conexões empresariais com as PEP?

A relação entre esse tipo de mapeamento e as Pessoas Expostas Politicamente (PEP) é direta e relevante. Quando empresas fazem doações eleitorais ou mantêm vínculos próximos com agentes públicos, surgem conexões com PEPs — ou seja, pessoas que ocupam ou ocuparam cargos públicos relevantes e que, por isso, representam um risco aumentado em operações empresariais, especialmente do ponto de vista de compliance, governança e integridade.

Assim, mapear essas conexões permite identificar se uma empresa está se relacionando, direta ou indiretamente, com PEPs ou com pessoas e organizações próximas a elas. Isso é fundamental para evitar envolvimento em esquemas de favorecimento, corrupção ou tráfico de influência — riscos que podem comprometer a reputação e até a sustentabilidade da empresa. Além disso, a relação com PEPs pode impactar decisões de crédito, contratos com o setor público e avaliações feitas por investidores e parceiros.

No estudo citado, a presença de doações direcionadas a partidos e candidatos mostra justamente como esse tipo de vínculo pode gerar efeitos práticos — como redução de riscos para empresas alinhadas ao governo e aumento de risco para as que se alinham à oposição. Logo, monitorar e entender a exposição a PEPs, nesse contexto, é parte do esforço de proteger a empresa de riscos legais e reputacionais e de manter suas decisões estratégicas mais transparentes e responsáveis.

Além disso, quando falamos em PEPs, o risco não está limitado apenas à figura da pessoa exposta politicamente, mas se estende também a quem está direta ou indiretamente vinculado a ela — familiares, sócios, representantes, empresas relacionadas, ex-assessores ou até intermediários informais. Logo, o círculo de influência pode ter forte impacto nas relações empresariais, muitas vezes de forma discreta, porém decisiva.

Essas conexões, quando não identificadas, criam brechas para favorecimentos velados, conflitos de interesse ou práticas ilegais. Imagine, por exemplo, uma empresa contratando um fornecedor cujo sócio é genro de um secretário de obras municipal. Vale notar que mesmo que o nome do secretário não esteja na estrutura da empresa, essa relação pode influenciar licitações, contratos públicos ou decisões regulatórias, ou seja, é justamente nesse ponto que o mapeamento ganha relevância.

A análise de conexões permite enxergar além da superfície, pois ela revela vínculos familiares, societários, profissionais e financeiros que, isoladamente, podem parecer inofensivos, mas, quando conectados, indicam uma rede de influência com potencial de interferência em decisões de negócio. Tenha em mente que essa visibilidade é necessária para empresas que querem atuar com responsabilidade e dentro dos parâmetros legais e éticos.

No caso da Due Diligence, por exemplo, identificar um elo com uma PEP ou com alguém do seu entorno pode alterar completamente a percepção de risco da operação, ou seja, pode justificar o aprofundamento da investigação, a reavaliação de um contrato ou até a suspensão de uma negociação. Da mesma forma, investidores institucionais, fundos internacionais e grandes parceiros comerciais exigem, cada vez mais, transparência nesses vínculos para proteger sua reputação e evitar exposição a sanções ou escândalos.

Conclusão

O mapeamento das conexões é uma medida de prevenção, ou seja, é uma forma de entender como o poder se articula dentro e fora das estruturas formais, proporcionando uma visão estratégica das relações que a cercam, ajudando a antecipar riscos reputacionais e jurídicos, e contribuindo para decisões mais conscientes. Por isso, ignorar essas conexões é, na prática, abrir espaço para que interesses paralelos interfiram no rumo dos negócios. Conte com as soluções Kronoos para mapear a teia de relacionamentos e as Pessoas Expostas Politicamente antes de realizar negócios e operações. Entre em contato com nossos especialistas e saiba mais!