A Due Diligence de relacionamentos empresariais é uma investigação aprofundada que busca mapear riscos e validar a integridade de terceiros com os quais a empresa se relaciona — fornecedores, parceiros, distribuidores, prestadores de serviço, representantes comerciais, entre outros. Logo, é uma prática preventiva, normalmente vinculada à área de Compliance, a qual avalia aspectos jurídicos, reputacionais, financeiros e operacionais desses agentes.
Desse modo, o objetivo é entender se existe passivos ocultos, vínculos com práticas ilícitas (como corrupção, fraude, trabalho análogo ao escravo ou lavagem de dinheiro), histórico de processos judiciais, sanções administrativas, irregularidades fiscais ou questões que possam afetar direta ou indiretamente a empresa contratante.
Em outras palavras, o procedimento funciona como um filtro antes da celebração (ou renovação) de um vínculo contratual, visando evitar que a empresa seja envolvida em escândalos, sofra sanções por responsabilidade solidária ou venha a ter prejuízos financeiros e danos à reputação por negligenciar o histórico e a conduta de seus parceiros.
Algumas ações são comuns na Due Diligence de relacionamentos empresariais: coleta de documentos, análise de bases públicas e privadas, consultas de listas de restrições nacionais e internacionais (como a lista suja do trabalho escravo ou a lista de sanções da ONU), além de entrevistas ou questionários de compliance.
Para exemplificar, imagine que sua empresa está prestes a contratar uma nova fornecedora de tecnologia que terá acesso a dados sensíveis e participará de projetos de médio e longo prazo. Antes de assinar o contrato, você decide aplicar uma Due Diligence para analisar com maior profundidade os relacionamentos empresariais envolvidos na contratação.
Solicite informações básicas da empresa: CNPJ, contrato social, estrutura societária, organograma e contatos principais.
Peça os documentos obrigatórios como certidões negativas, comprovantes de regularidade fiscal e trabalhista, políticas internas (como ética, privacidade, LGPD e anticorrupção).
Consulte listas de sanções nacionais e internacionais (OFAC, ONU, UE) e outras listas relevantes como a “Lista Suja” do trabalho escravo, além de ações judiciais, execuções fiscais e passivos ambientais.
Pesquise também o nome da empresa e de seus sócios em veículos de imprensa para identificar menções negativas ou envolvimentos em escândalos.
Analise a conduta ética da empresa: ela tem código de conduta? Já esteve envolvida em práticas ilegais? Responde a processos por corrupção, assédio ou discriminação?
Investigue vínculos com agentes públicos ou políticos que possam representar riscos de conflito de interesses ou improbidade.
Envie um formulário estruturado pedindo informações sobre práticas de compliance, controles internos, medidas de prevenção à lavagem de dinheiro e políticas de relacionamento com terceiros.
Classifique os riscos encontrados (baixo, médio ou alto), e caso sejam identificados riscos relevantes, avalie se é possível mitigá-los com cláusulas contratuais, planos de ação corretiva ou auditorias periódicas.
Logo, se os riscos forem altos e não mitigáveis, reavalie a parceria antes de avançar.
Por outro lado, se a fornecedora passar pelos critérios de integridade e risco, o contrato pode ser firmado com cláusulas específicas de compliance, auditoria e rescisão em caso de descumprimento.
Por fim, se não passar, a decisão pode ser por descartar a parceria — evitando problemas futuros que poderiam comprometer a reputação e a conformidade da sua empresa.
Caso Starbucks e o Setor Cafeeiro Brasileiro (2023–2025)
Em abril de 2025, o setor cafeeiro brasileiro enfrentou forte pressão internacional após denúncias de trabalho análogo à escravidão em fazendas fornecedoras de grandes marcas, incluindo a Starbucks. A ONG IRAdvocates apresentou uma ação judicial nos EUA com base em oito casos documentados entre 2023 e 2024, envolvendo fazendas como a Fazenda Piedade e o Sítio Coqueiros, localizadas em Minas Gerais, conforme noticiado no jornal El País.
Em 2023, a Starbucks registrou 269 violações de seus indicadores de tolerância zero, das quais 5 estavam relacionadas a trabalho forçado, abuso e recrutamento não ético. Vale frisar que o Brasil é responsável por aproximadamente 39% da produção mundial de café, o que amplifica o impacto global dessas denúncias.
Neste caso, uma Due Diligence robusta e contínua na cadeia de suprimentos poderia identificar tais falhas, pois mesmo com certificações como o programa C.A.F.E. Practices da Starbucks, essas falhas na verificação e monitoramento permitiram que práticas abusivas persistissem. A situação levou a ações judiciais e à exigência de maior transparência na cadeia de fornecimento.
A Kronoos desenvolveu uma solução voltada à análise aprofundada de relacionamentos empresariais, oferecendo uma visão clara e dinâmica das conexões entre pessoas físicas, jurídicas e terceiros. Com rapidez e precisão, nossa plataforma permite enxergar vínculos muitas vezes invisíveis entre sócios, empresas e parceiros de negócio, abrindo caminho para relações comerciais mais seguras e promissoras.
A partir de dados públicos organizados e recursos avançados de visualização, é possível mapear estruturas societárias complexas, detectar relações indiretas e antecipar riscos jurídicos, reputacionais e operacionais que poderiam comprometer a integridade das decisões empresariais.
A análise relacional revela o cenário completo no qual os agentes estão inseridos — quem são os reais controladores das empresas, quais históricos de litígios existem e se há indícios de condutas irregulares. Tudo isso por meio de uma interface intuitiva, que transforma dados em insights práticos, fortalecendo políticas de compliance e oferecendo uma base sólida para decisões estratégicas. Entre em contato com um dos nossos especialistas e saiba mais!